*Artigo do vice-líder do PCdoB Rubens Pereira Jr (MA), publicado originalmente no Jornal Pequeno
Vivemos em uma sociedade altamente midiatizada, ou seja, as pessoas
cada vez mais sabem do que acontece ao seu redor – no país, em seu
estado, na cidade e até em seu bairro – por meio dos meios de
comunicação. O tempo cada vez maior dedicado ao trabalho, com menos
contatos pessoais, e as possibilidades tecnológicas fazem com que esse
fenômeno só tenha a aumentar.
Nesse mundo em que vivemos, também grande parte do poder é mediado pelos
meios de comunicação. Um governo pode ser mal ou bem avaliado de acordo
com a cobertura jornalística que tem das emissoras de TV. Pessoas com
grande espaço nos meios de comunicação podem ter bom desempenho
eleitoral, basta ver o sucesso na política de jogadores de futebol e
apresentadores de TV.
Nestes tristes trópicos em que o velho
alimenta-se do novo apenas para trocar seu vestuário, muitas vezes as
novas tecnologias apenas alimentam e reforçam velhas forças. Foi o que
aconteceu no Brasil nos anos 1980 quando um Sarney presidente da
República sem apoio popular – pois não foi eleito pelo voto direto –
buscava apoio político. Saiu a distribuir canais de rádio e TV,
especialmente para aprovar o aumento do seu mandato para cinco anos.
No quinquênio 85/90 em que o ex-aliado da Ditadura Militar governou o
país foram 1.028 concessões de rádio e TV – o que representa 30% de
todas as concessões dadas no país desde 1922. A medida de Sarney, por
meio de seu à época ministro das Comunicações Antonio Carlos Magalhães,
criou por quase todos os estados brasileiros a figura do “coronel
digital”. O político que possui uma emissora de TV para tentar manter um
público fiel de eleitores.
No Maranhão, são evidentes os tristes
exemplos dessa prática. Pretendem-se, ainda hoje, mediadores da fé
pública. Fazem cobertura dos assuntos de nosso estado, imaginando que a
população nele não vive para ver a realidade. Infelizmente, isso
perdurou por muitas décadas.
Mas há quase um ano, o povo deu um
basta, elegendo Flávio Dino governador. Essa vitória, entre tantos
méritos, possui também o de ter tido a sabedoria de usar canais diretos
de diálogo com a comunicação, longe dos intermediadores. O próprio
Flávio alimentou isso desde o início de sua carreira política, com a
presença no Twitter.
Hoje governador, ele não abandou o diálogo
direto com eleitores, inclusive pelos meios digitais. A atitude incomoda
muitos adversários, que gostariam de poder falar sozinhos com a
população. Essa atitude franca e democrática de Flávio Dino faz com que
tenhamos no Maranhão, pela primeira vez, um governador que conversa com a
sociedade sem ser por meio dos auto-nomeados coronéis eletrônicos. Bom
para todos nós, que nos livramos de intermediários.
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